Sobre a Obra
Adoro e releio sempre as lendas dos Orixás. Anos atrás elas chegaram até o mim, no meu mestrado quando pesquisei sobre a influência da arte africana na arte brasileira. Os livros que trago até hoje, fontes de estudo e inspirações são do historiador e fotógrafo Pierre Vergé “As lendas dos Orixás” e a “Mitologia dos Orixás” do historiador Reginaldo Prandi.
Essas lendas narram como surgiram os Orixás, suas características físicas, emocionais e seus relacionamentos familiares e amorosos.
Uma delas conta a história da Orixá Oxum Apará.
Ela surge após uma desavença entre Oxum e sua irmã Yansã. Oxalá pra apaziguar ou castigá-las, as unem no arquétipo da Oxum Apará que é tão bela como o Oxum e tão guerreira quanto a Yansã.
Essa lenda me inspirou uma imagem de Oxum-Apará. Uma mulher linda e forte, vestida apenas com suas joias e seus instrumentos essenciais: o espelho e a adaga pontual.
Sua cor é também uma mistura amarronzada aquecida com tons avermelhados. Com a mesma resina amarronzada que restaurei um antigo painel, pintei essa imagem translúcida que ganhou contornos e luzes.
Nesse trabalho busquei uma representação mais realista das formas femininas para evocar o reflexo mais humano da Orixá.
E amei o resultado e a fluidez dessa imagem. Até hoje fico impressionado com essa obra. Ela desperta uma conexão especial tanto pessoalmente quanto nas redes sociais. É magnética.