Dialogando com meus trabalhos maiores da série “retratos, recortes e memórias…” os pequenos quadros grandes se tornaram uma potente variação dessa série.
Resolvi pintar em pequenos suportes (placas e telas) super closes de retratos com recortes e ângulos inusitados, aproximando a imagem o máximo possível até o ponto que permitisse a identificação das personas. O resultado do primeiro retrato me surpreendeu muito! Realmente sugere o “recorte” de uma grande pintura enquadrado num pequeno quadro!
No entanto, as obras acontecem. Com a base cromática de cada tela, pintei as “molduras” pra acentuar a unicidade da obra. E a pintura resgata do recorte o seu inteiro! Transforma e ressignifica a imagem somando qualidades intrínsecas da sua linguagem pictórica, como também, a possibilidade de novas narrativas e variações.
Em muitos quadros, por exemplo, procurei referências contemporâneas que me inspirassem nos arquétipos dos filhos e filhas dos Orixás. No candomblé cada divindade possui lendas que justificam seu destino e principalmente o arquétipo de comportamento a ela associado. É uma das poucas religiões que conduz seus devotos a um processo de autoconhecimento através de estudos, rituais e vivências verdadeiramente terapêuticas e únicas.
Título: “Filha de Omolu”
Omolu é o Orixá que rege a doença e a sua cura. Filho mais velho de Nanã Boruku, foi entregue aos cuidados de Yemanjá quando adoeceu de uma doença epidêmica. As águas do mar curam suas chagas e o tempo o transforma num belo orixá. No entanto, nesse processo, aprendeu a apreciar o conhecimento, a solidão e uma certa aversão às aglomerações. Quando se apresenta socialmente, se cobre com uma manta de palhas, o “filá”. Misterioso, atrai o respeito e certo temor dos demais.
Seus filhos e filhas, socialmente, são pessoas reservadas, observadoras e cautelosas. Preferem a segurança e a calma dos ambientes de estudos. São dedicados pesquisadores, cientistas e profissionais nas áreas da saúde física e mental. Vibram na frequência das cores marrom, preto, vermelho,verde e branco. Seu axé atrai a aceitação, conhecimento e potencializa a cura.