Dialogando com meus trabalhos maiores da série “retratos, recortes e memórias…” os pequenos quadros grandes se tornaram uma potente variação dessa série.
Resolvi pintar em pequenos suportes (placas e telas) super closes de retratos com recortes e ângulos inusitados, aproximando a imagem o máximo possível até o ponto que permitisse a identificação das personas. O resultado do primeiro retrato me surpreendeu muito! Realmente sugere o “recorte” de uma grande pintura enquadrado num pequeno quadro!
No entanto, as obras acontecem. Com a base cromática de cada tela, pintei as “molduras” pra acentuar a unicidade da obra. E a pintura resgata do recorte o seu inteiro! Transforma e ressignifica a imagem somando qualidades intrínsecas da sua linguagem pictórica, como também, a possibilidade de novas narrativas e variações.
Em muitos quadros, por exemplo, procurei referências contemporâneas que me inspirassem nos arquétipos dos filhos e filhas dos Orixás. No candomblé cada divindade possui lendas que justificam seu destino e principalmente o arquétipo de comportamento a ela associado. É uma das poucas religiões que conduz seus devotos a um processo de autoconhecimento através de estudos, rituais e vivências verdadeiramente terapêuticas e únicas.
Título: “Filha de Yemanjá”
A grande mãe Yemanjá, rainha do mar e dos peixes, recebe a função da maternidade não no sentido de gestação, mas de educação.
Aquela figura materna que acompanha um ser humano por toda a sua vida. Na sua união com Oxalá, criaram a terra, os orixás com seus elementos e a humanidade. E vez por outra cuidou e criou de filhos e filhas de outras orixás pelo seu caráter protetor e acolhedor. Dona de rara beleza é vaidosa e gosta de ser presenteada nas suas festas com flores, jóias e perfumes.
Suas filhas e filhos são pessoas naturalmente acolhedoras, oferecem não só a amizade mas também carinho e abrigo. Belas e de silhuetas arredondadas gostam do luxo, jóias caras e roupas exclusivas. Apreciam o conforto, a hierarquia e o respeito, dificilmente perdoam a falta dele. Se destacam em atividades de assistência social, espiritual e educacional. Vibram na frequência das cores branca, azul claro, rosa claro e cinza-prata. Seu axé atrai acolhimento, abundância e potencializa a espiritualidade.